terça-feira, 23 de outubro de 2007

Quem quer brincar?

Ontem assistindo a entrevista da psicopedagoga Tânia Fortuna, fiquei impressionada com suas colocações sobre a importância do brincar na escola. Como dizia Piaget: "Para a criança seu trabalho é o brinquedo."
Como ela diz, é muito difícil o adulto conciliar o animar, o divertir, enquanto trabalha.
"É através da brincadeira que acontece a conexão conosco e com o mundo."
Uma aula lúdica tem mais significado, portanto contribui mais para o aprendizado.
Segundo Tânia Fortuna, "alguns pais e professores acham que o uso de jogos na escola, desvaloriza os alunos, desqualifica o ensino.
A sociedade também valoriza mais o "ter" brinquedos do que brincar com os mesmos, então surgem estantes, prateleiras cheias de bonecas, carrinhos, ursinhos,etc, mas não são usados para o brincar, para o divertir-se sem regras.
Achei bem interessante, quando ela colocou que as bonecas tem mais ou menos 30.000 anos, e que no brincar com as mesmas, as crianças refletem uma relação de cuidado, de proteção, igual ao que os pais tem com os filhos, ou que as mesmas gostariam de receber. Percebo na brincadeira de escola, que algumas meninas demonstram um carinho, um cuidado bem grande com suas bonecas, outras já xingam, batem, em suas supostas "filhas", parece que retratando, aquilo que recebem em casa.
Uma pergunta bem pertinente na entrevista foi:
O brincar acaba quando ficamos adultos? Freud diz que "termos bom humor é uma forma de brincar, depois de adultos". Concordo com essa fala, pois como é bom contar uma piada, brincar de mímicas, etc. quando estamos num grupo de "pessoas adultas".
Aula Lúdica - estabelece para quem aprende e quem ensina, um clima de desafio, surpresa, faz com que o sujeito que dela participa sinta-se pleno.
Segundo Rubem Alves em "O Desejo de ensinar e a Arte de aprender", pág. 37 - O professor Pardal gostava muito do Huguinho, Zezinho e Luizinho, e queria fazê-los felizes. Inventou , então, brinquedos que os fariam felizes para sempre,brinquedos que davam certo sempre: uma pipa que voava sempre, um pião que rodava sempre e um taco de beisebol que acertava sempre na bola. Os patinhos ficaram felicíssimos ao receber os presentes e se puseram logo a brincar com os brinquedos que funcionavam sempre. Mas a legria durou pouco. Veio logo o enfado. Brinquedo pra ser brinquedo, tem de ser um desafio. Um brinquedo é um objeto que, olhando para mim, me diz: "Veja se você pode comigo!" O brinquedo me põe a prova. Testa minhas habilidades. Qualquer coisa pode ser um brinquedo. Não é preciso que seja comprado em lojas.

Um comentário:

Tutora Daisy disse...

Jóia, Ana! Adorei teus comentários. Abraços