quinta-feira, 4 de junho de 2009

Que Auschwitz não se repita!!!

“É primordial para a educação que Auschwitz não se repita”.
Impossível conceber que toda a barbárie ocorrida a mais de 25 anos, foi comandada por pessoas que tiveram uma formação educacional. No entanto, não descartamos a possibilidade de que toda essa monstruosidade venha a ocorrer novamente, os homens vivem muitas vezes em estados de inconsciência.
O genocídio ainda existente apresenta suas raízes na ressurreição do nacionalismo agressivo que houve em vários países nos finais do século XIX. Pessoas matam grupos sociais e até familiares sem saberem explicar o por que de tal crueldade. Quantos casos vemos, ouvimos e lemos, no rádio, na televisão e nos jornais, maridos que matam mulher, filhos, sogras, cunhados(as), filhos que matam ou contratam alguém para matar os pais. Enfim é uma barbárie que retrata bem a falta de valores. Segundo o texto “não adianta apelar para valores externos com pessoas inclinadas para o genocídio”, precisamos fazê-los refletir sobre todo o mal já refletido na sociedade, para que talvez não voltem a cometê-los.
A escola precisa trabalhar desde a primeira infância, ou seja, na educação infantil com auto-reflexão crítica, pois como mostra a psicologia é nesse estádio que se formam os indivíduos capazes de perpetuar tais crimes. Podemos observar dentro das salas de aula, como existem crianças malvadas, que machucam os colegas por pura sensação de superioridade, e como as famílias muitas vezes passam a mão por cima dos erros de seus filhos, sempre colocando a culpa no outro (se meu filho fez isso é porque fizeram primeiro), ou ( eu já disse se te baterem mete a mão, tu não tem que apanhar de graça), são palavras que acabam incentivando as brigas, as desavenças, e nós professores ficamos sem saída, pois trabalhamos sempre objetivando a paz e a serenidade dentro da sala, da escola. Percebemos dia-a-dia, à violência dos alunos,a falta de compreensão, de coleguismo, enfim estamos sempre com a impressão de remar contra a maré.
Outro fator que compromete o trabalho do educador é a “claustrofobia da humanidade- sensação de clausura num contexto socializado e densamente estruturado. Quanto mais apertada a rede, mais quer-se sair dela, embora sua estreiteza o impeça. Aumentando a raiva contra a civilização, revolta brutal e irracional”. Esse é o tipo mais comum dentro das salas de aula, alunos que de uma hora para outra viram de cabeça para baixo, ou seja, crianças que nunca apresentaram problemas comportamentais, ao se depararem com líderes negativos (rebeldes, malandros) se voltam para o lado da malandragem, nesse ponto acredito que a mídia possui grande influência negativa, pois estão sempre apresentando pontos negativos e que acabam tendo resultados positivos. Adolescentes que matam, roubam, fumam e que não podem ser condenados, presos, por serem de menores de idade. Ou então, passam algum tempo reclusos e saem fazendo atrocidades piores.
Na minha escola, alunos brigam na sala, batem nos colegas e não recebem nenhum tipo de punição, isso acaba reforçando a malandragem, demonstrando que escola e professor estão cada vez mais desmoralizados.
Vivemos numa sociedade onde os meios de comunicação distorcem os valores que procuramos trabalhar em aula. Sabemos que as famílias estão totalmente desestruturadas, pais que dão presentes para os filhos para não precisarem sentar para conversar, não auxiliarem com o tema, para saber como foi o dia da criança, enfim o amor, carinho, confiança, estão perdendo lugar para os brinquedos, os DVDS, as roupas, os calçados, é o chamado mercado de consumo. Por outro lado temos crianças que não encontram atenção de jeito nenhum dos pais, nem mesmo quando a direção faz o convite para que venham conversar sobre seus filhos, a resposta quando mandam é que não possuem tempo. Tudo isso a criança percebe e acaba interiorizando a falta de interesse dos pais. O que esperar de uma criança que não possui atenção, só recebe desatenção e xingamentos” aquele que é duro contra si mesmo adquire o direito de sê-lo contra os demais e se vinga da dor que não teve a liberdade de demonstrar, que precisou reprimir.” Então a forma que esses indivíduos encontram para se libertarem dessa dor, dessa falta de amor é voltando-se para a malandragem, para o mundo do crime, são os chamados líderes de gangues, chefes do tráficos,etc.
Enfim, a educação é primordial para que se evite um retorno a Auschwitz, “precisamos entender como se produz o caráter manipulativo para depois, pela modificação das condições evitar o seu reaparecimento na medida do possível”.
Com a leitura deste texto percebo que muito temos a trabalhar dentro das escolas, pois temos uma sociedade inteira que conspira contra a instituição escola, enquanto os professores tentam trabalhar com a auto-reflexão, com os valores, encontramos fora dali, meios que fornecem todo um endeusamento no bens materiais e superficiais ( que dão prazeres momentâneos), e infelizmente é por ai que corremos o risco de renovarmos a monstruosidade de Auschwitz.

Um comentário:

Anice - Tutora PEAD disse...

Olá, Ana Beatriz: Gostei muito da tua postagem.. está bem reflexiva e suscita várias questões que podem influenciar a violência e sadismo dos alunos. A não colocação de limites, a falta de atenção, descuido dos pais; a influencia da mídia; o aumento da desigualdade social; o descaso das autoridades e a impunidade, enfim, todas estas questões podem auxiliar a violência e a conscientização por parte dos professores e demais pessoas envolvidas já é um grande passo para a modificação deste cenário. Abraço, Anice.