quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Seu nome é Jonas.

O primeiro choque que recebemos ao iniciar o filme é detectar que Jonas ficou 3 anos e 4 meses internado com o diagnóstico de “retardado”. A inexperiência dos médicos e enfermeiros ao cuidarem tanto tempo de uma criança e não terem a sensibilidade, percepção de que o menino não escutava.
Ao retornar à casa já houve um certo preconceito quando a mãe relata aos tios que ele não consegue ouvir, a fisionomia de espanto, incredulidade é algo gritante. A ignorância do pai ao se dirigir ao menino sempre gritando, dando a impressão que ele dessa forma iria conseguir ouvi-lo ou até mesmo entendê-lo. O pai não demonstrava o mínimo de carinho, compreensão e atenção com o filho, chegando mesmo ao absurdo de dizer a sua esposa que preferiria que o menino ficasse internado a ter que vê-lo sendo apontado na rua e recebendo o apelido de “retardado”.
A primeira escola foi o retrato do horror, aquela série de repetições sem objetivo, o castigo que o menino levou por ter perdido a paciência com a professora que parecia um robô, somente repetindo frases. A intolerância da diretora ao referir-se sobre o uso dos sinais de linguagem chegando ao absurdo de proferir que as crianças ficam preguiçosas ao usá-las. Referindo-se também que se elas aprendem a se comunicar dessa forma quando adultos só irão se comunicar com os surdos.
A mãe mostrou-se uma guerreira durante todo o tempo, lutando contra tudo e todos, mostrando ao mundo que seu filho era uma criança normal e que poderia sim estar inserido nessa sociedade chamada “normal”, ele era apenas surdo! Acreditamos que sua ansiedade, sua angúsita em ver o sofrimento silencioso do seu filho foi a mola propulsora para sua busca incessante num modo de comunicação para seu filho, mas não uma comunicação automática, uma simples repetição de palavras sem significado, mas uma forma de comunicação onde ele conseguisse se comunicar com o mundo vivo que estava a sua volta.
A alegria de Jonas em conseguir identificar o significado das primeiras palavras em Libras foi lindo, o mais emocionante foi quando ele pediu para dizer mãe, como se aquele gesto fosse “muito obrigado mamãe por não desistir de mim”.
Acreditamos que atualmente ainda encontramos famílias semelhantes a de Jonas, temos uma sociedade muito preconceituosa e muito para ser desmistificado com relação a pessoa surda, para começar o título de “surdo-mudo” ainda é muito comum, e a perplexidade quando as pessoas descobrem que o surdo não é mudo, os próprios familiares encontram dificuldade em colocarem as crianças surdas nas escolas para os surdos, dificultando assim o aprendizado cada vez mais precoce dos mesmos.
**** Tenho uma colega que tem um filho surdo e é totalmente contra a inclusão das pessoas surdas nas escolas regulares, segundo ela a escola de surdos é maravilhosa, comentei sobre a sociedade de surdos se ela participa com ele, sua resposta foi de que acha muito cedo para levá-lo até lá, que quando for adulto poderá optar por ir conhecer, participar ou não, acha que no momento seu filho não precisa participar dessa sociedade. Pretende fazer um curso de intérpretes de sinais, pois acha que somente a língua de sinais familiar, se posso assim chamar, que usa com seu filho é pouca.

Um comentário:

Anice - Tutora PEAD disse...

Olá, Ana Beatriz! Esse filme é mesmo triste e retrata a ignorância e insensibilidade de muitos. Reflete a realidade, pois até hoje ainda temos pessoas como as do filme. Temos que divulgar ao máximo a cultura dos surdos para que as pessoas tenham conhecimento sobre suas problemáticas e questões, pois somente assim deixarão de ter preconceitos. Abraço, Anice.