quarta-feira, 22 de abril de 2009

Texto “O Dilema do Antropólogo Francês”

Ao iniciar sua pesquisa já deveria ter consciência que sua pessoa de algum modo iria causar impacto num meio em que era um total estranho. Mesmo os nativos tendo a ilusão de que homens brancos eram os mensageiros dos Deuses, o antropólogo não tinha o direito de omitir a verdade de tais nativos, no momento em que o antropólogo omite a verdade sobre sua verdadeira origem, e deixa os nativos acreditando somente nas suas crenças, já perdeu sua credibilidade junto aos mesmos, pois eles possuem o direito de saber a verdade sobre o que acontece no mundo fora da sua aldeia, até para que venham proteger-se de futuros intrusos, que poderão trazer a escravidão ou total destruição desse povo. Pode-se imaginar a frustração e revolta desses nativos, se um dia chegarem a descobrir da pior forma possível que brancos jamais foram mensageiros dos Deuses, e sim pessoas mal intencionadas, decididas a fazerem maldade com a ingenuidade e ignorância dos demais. Percebe-se também que o antropólogo na medida em que não desfaz a crença dos nativos, em outra ocasião poderá perder sua credibilidade perante a eles. Pois o mundo é redondo e dá muitas voltas , não pode-se pensar somente no hoje, o amanhã já está chegando e aí pode-se inverter os papéis. Ex: imaginemos que o antropólogo tenha ido embora do arquipélago e não desfez a crença, outros brancos mais espertos apareceram e fizeram misérias com tal povo, acontece o azar dele ter que voltar, agora já não encontrará mais os ingênuos nativos, e infelizmente não terá a mesma felicidade, talvez não consiga mais sair de lá. Do que adiantou não tentar interferir nessa cultura?
No momento em que ele resolveu partir para esse tipo de pesquisa, num lugar em que a cultura é totalmente diferente, deveria ter consciência de que de uma forma ou de outra sua interferência iria ocasionar riscos, tanto positivos quanto negativos.
Positivo, pois quando observa-se alguma cultura, tem-se a idéia de que a nossa é a mais certa, mais apropriada. Porém, os nativos tinham o direito de saber as “verdades” que ocorrem fora de seu arquipélago, até para poderem formar uma opinião dos futuros intrusos que por ali irão aparecer, melhor que aprendam com alguém mais informado, do que com pessoas inescrupulosas. Ter informações de outras culturas, não é ao meu ver tão ruim assim, pois faz com que as pessoas que a recebam possam reformular seus conceitos. Poderiam ambos trocar idéias de suas crenças e assim todos saírem beneficiados.
Negativo, se os nativos continuarem com suas crenças, com sua ingenuidade sobre os homens brancos, certamente só terão problemas com futuros visitantes. Se um dia vierem a descobrir a mentira do homem branco, certamente sua raiva e vontade de vingança estará mais acentuada. E acredito que ai sim o antropólogo poderá temer por sua vida.
Mesmo o antropólogo tendo receio por sua vida, achando que se desmentisse a crença deles poderia correr risco de vida, deveria ter arriscado, pois muitas vezes a verdade é o único caminho, no momento que que ele surgiu na frente dos nativos tanto suas vidas quanto sua cultura sofreram alterações.

Nenhum comentário: