quarta-feira, 22 de abril de 2009

AULA 3 – APRENDIZAGEM


Sempre fui uma pessoa que apresentava muitas dificuldades para desenhar, representar pessoas então, eram somente aqueles bonequinhos com corpinho de palitinho. Cresci assim, e o tempo passou, quando iniciei no magistério vi essa dificuldade se acentuar, pois com as crianças pequenas precisamos muito do desenho para que eles façam associação com a letra. Mas o tempo sempre curto nos dois sentidos, fez essa dificuldade ser deixada para depois.
Este ano recebemos na escola a visita de um professor de desenho, veio divulgar seu trabalho com as crianças, e ao mesmo tempo ofereceu uma oficina para os professores. No primeiro sábado deste mês já tínhamos agendado a primeira reunião pedagógica de 4h, então o professor marcou a primeira aula.
Quando ele chegou na sala, perguntou quem sabia desenhar, ninguém levantou a mão. Trocou a pergunta, quem não sabia desenhar, todos ergueram a mão. Então ele disse que todos iriam sair desenhando, risadas geral. Imaginem, quem desenhou a vida inteira bonecos de palitinhos, em uma aula desenhar pessoas!!
Esse professor usa uma técnica bem interessante, usa letras para fazer os desenhos, quer dizer, parte de algo que a pessoa está sempre visualizando, letras existem por todos os lados.
Iniciou com os olhos, e ao mesmo tempo pedia que nós fizéssemos na nossa folha, foi brincando, rindo, quando me dei por conta tinha feito o primeiro boneco ( com pernas e braços) da minha vida Após passamos para o Ronaldinho Gaúcho, uma menina, um dragão, um coelhinho,índio (Pica-pau) Homer Simpson e para finalizar um sapo. A cada desenho eu vibrava e me encantava, algo que eu sempre quis fazer e num passe de mágica, lá estava eu, DESENHANDO.
Fui a aluna mais empolgada da aula! Quando o professor terminou sua aula, e iniciou nossas caricaturas, peguei um cartão que ele trouxe, e desenhei um menino que lá estava. Mostrei a ele e recebi elogios. Três dias depois ele retornou na escola, e mostrei três desenhos que havia feito( Bob Esponja, Puka, Smillingüido), ele elogiou-me novamente e comentou que eu sabia desenhar sim, só não sabia disso, havia bloqueado em algum momento e não tinha conseguido sublimar essa dificuldade. Estou tão segura, que hoje (09/04), minha filha menor, precisava fazer o corpo de um coelho, disse para mim que eu não sabia fazer, ao que respondi sei sim, traz aqui (estava fazendo meus trabalhos de faculdade, olhei para o rosto do coelho e fiz um corpo bem proporcional. Para quem lê parece uma bobagem, mas só para quem consegue uma vitória dessa é que sabe como é importante para nossa auto-estima.
Piaget (1976, p. 37) insiste na idéia de que conhecimento é ação, transformação e estabelecimento de relações, pois, “conhecer um objeto é agir sobre ele e transformá-lo....”
Aprender ou re-aprender a desenhar, depois de tantos anos foi novamente na escola que obtive essa oportunidade, talvez no mesmo lugar em que fui podada ( não lembro), uma aprendizagem individual e coletiva ao mesmo tempo, coletiva porque estávamos trocando idéias e sugestões, individual, porque eu estava agindo sobre o objeto de aprendizagem, estava estabelecendo relações das letras para formar as partes do corpo humano, do animal, enfim partindo de algo já conhecido, mas transformando-o ao mesmo tempo.
O material que utilizei para construção dessa aprendizagem nova foi o lápis, o papel, o formato das letras. No momento em que precisei fazer uma orelha, uma perna, precisava associá-lo a letra que seria mais semelhante para fazer aquela parte, quer dizer já existia um conhecimento prévio.
OBS: No entanto fiz a mesma atividade com meus alunos, como estamos na semana da Páscoa fizemos o coelhinho, e eles não apresentaram nenhuma dificuldade em representá-lo.

Um comentário:

Anice - Tutora PEAD disse...

Olá, Ana Beatriz: Fiquei empolgada, porque tenho uma certa dificuldade em desenhar e fiquei curiosa com esta nova técnica! Se um dia tiver tempo na aula presencial me ensina? :) Abraço, Anice.