quinta-feira, 14 de maio de 2009

Quando li o trabalho de questões étnico-raciais, no qual deveria entrevistar 4 alunos negros, e questioná-los sobre "Como você se sente como aluno negro nesta escola", fiquei apreensiva será que não seria mal interpretada por esses pré-adolescentes. Mas resolvi encarar o desafio. Deixei bem claro que a entrevista seria muito confidencial e que ninguém dentro da escola saberia o que iríamos falar e que eles deveriam fazer o mesmo, isto é, não comentar com os outros o que conversamos.
A primeira surpresa que tive foi nenhum deles sofreu preconceito dentro da escola, por parte dos colegas, a não ser um deles que veio de outra escola e sofria de racismo dentro da mesma. O relato da menina que ouviu palavras maldosas de uma professora, foi bem angustiante, pois entre educadores não deveria existir esse tipo de discriminação. Nós sabemos que têm crianças que não tomam banho, não usam roupas limpas, mas sabemos também que existem diversas maneiras de falar sobre tal assunto. No entanto, temos docentes que não possuem essa sensibilidade, e acabam prejudicando o trabalho que levamos tempo para construir. Essa professora que disse certas coisas para algumas alunas,veio de outra escola, está chegando em um local diferente e não procura investigar para ver como as colegas atuam, como agem, para que o trabalho continue em construção.
Outra questão que chamou muito minha atenção, foi a de uma menina que tem 11 irmãos, mora numa residência bem humilde(são duas peças na casa), e seu projeto para o futuro é casar ter filhos, trabalhar num restaurante ou ser faxineira. Isso me fez refletir até que ponto nós estamos atuando positivamente na vida dessas crianças, será que não mostramos á eles que somente com o estudo, o esforço, eles poderão ter uma vida melhor do que a sua atual?
Pude verificar que a família possui sim, grande influência sobre a vida de seus filhos, e quando eles não percebem essa presença, essa força positiva, ficam desiludidos, sem motivação para irem em frente, em mostrar que podem vencer e mudar o rumo de suas vidas.
O menino que tem muito incentivo do pai( possui uma família bem constituída), tem belos planos para seu futuro, pretende ser um jornalista, ganhar bem ,ter uma esposa que trabalhe para adquirirem sempre mais, ter filhos que sejam bons alunos na escola, fiquei emocionada, pois no meio de tantos que mal sabem o que querem amanhã, encontrar uma criança de 11 anos com pensamentos tão positivos, tão bem direcionados mostra que vale a pena sonhar, em ver o dia que o racismo e preconceito serão eliminados de nosso vocabulário e da nossa vida.

Um comentário:

Anice - Tutora PEAD disse...

Pelo teu relato esta atividade suscitou grandes reflexões. Tanto na questão racial, na influência da família na criação e caráter dos filhos, quanto na influência da professora na maneira de falar com determinado aluno, enfim, estas questões surgem ao longo da prática de vocês e são dignas de um desabafo e reflexão. Abraço, Anice.