quarta-feira, 21 de outubro de 2009

EJA - NOVO DESAFIO

Hoje iniciei o trabalho particular de leitura e escrita com um adulto, ele tem 39 anos, estudou até a 3ª série, têm muitas dificuldades para ler e escrever. Estava imaginando que iria ter que começar lá das letras,sílabas com ele, mas qual não foi minha surpresa ao detectar que este adulto possui é uma baixa auto-estima, esta sempre dizendo que não sabe, que tem muito dificuldade em entender, etc. Primeiro passo foi explicar-lhe que todos temos capacidades sim, que ele precisa deixar de lado essa mania de se auto desmotivar, que assim como ele existem milhões de pessoas estudando, aproveitando hoje o tempo que perderam na época de crianças por N motivos. Que ele não teve ter vergonha de dizer que não sabe, que juntos iremos aprender muito e trocar muitas experiências, informações e conhecimentos.
Ele me disse que até freqüentou a EJA ano passado, mas não gostou. Chegava na escola cansado por trabalhar o dia inteiro,a professora conversava sobre o mundo, muitas brincadeiras, e aquilo que ele queria aprender ler e escrever melhor ela quase não trabalhava, então desistiu. Iniciei dando algumas dicas sobre a escrita, como pronunciar certas letras, depois usei o jogo do LINCE ALFABETO - TURMA DA MÔNICA, consiste no seguinte, retiramos uma cartela de um saco com um desenho, localizamos no retângulo maior e depois escrevemos o nome do desenho, fiquei com medo dele achar infantil, mas ele adorou o jogo, disse que é um jeito de fazer um ditado brincando.
Confesso que fiquei contente de iniciar esse desafio, sei que vou aprender muito com esse adulto, espero ajudá-lo muito também, não tenho experiência nenhuma com alfabetização de adultos e não gostaria que mais uma vez ele desistisse. Espero encontrar muitas respostas nesse semestre para mais essa caminhada.Que Deus me ilumine!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Práticas de leitura , escrita e oralidade no contexto doméstico e escolar

Desde que iniciei meu trabalho com as crianças em fase de alfabetização, sempre procurei fazer uma parceria com os pais no sentido de fazê-los estimular os filhos para a leitura e escrita, no entanto o que percebi durante todos esses anos é que estou numa luta quase solitária. Pais que estão mais interessados em olhar novela, conversar com a vizinha do que sentar e ler uma história, uma notícia, uma poesia para seus filhos. E por mais que se diga que esse trabalho é da escola, não concordo, pois os poucos alunos que chegam lendo e até escrevendo na escola possuem um bom alicerce na família e isso só motiva o trabalho do professor em sala de aula. Tenho em minha casa dois exmplos do que escrevi acima. Minha filha de 11 anos,saiu do pré formando sílabas, dois meses na primeira série e já estava lendo, a de 8 anos não fez o pré no entanto com 6 anos já estava lendo o que veio a ser uma surpresa para mim, um dia quando percebi estava escrevendo e lendo a mensagem de uma amiga no MSN, até hoje não sei como aconteceu esse processo. O que tenho certeza é que ambas sempre tiveram todos os recursos possíveis para a aquisição da escrita e leitura. Desde bebê semprelia histórias infantis para elas, lembro que um dia ao chegar da escola, entrei no quarto da minha filha mais velha( na época estava com 4 anos), ela sentada na cama com o livro do Pinóquio em frente aos olhos e contava a história com uma riqueza de detalhes que jurei que ela estava lendo. Ao questioná-la sobre o que estava fazendo, ela respondeu-me: - Ora mãe estou lendo!
Em minha casa nunca faltaram livros, revistas, gibis,jornais. Estamos sempre envolvidos em leituras e isso só vem beneficiá-las. Sempre dou esse exemplo nas reuniões de pais, para ver se consigo motivar as famílias de meus alunos, mas é um processo muito lento e difícil, pois colocar hábitos em pessoas que não estão muito dispostas a ajudar é complicado. Fico muito triste quando pergunto aos meus alunos, quem te ajudou a fazer tal atividade, a ler tal hsitória, e eles respondem ninguém prô, minha mãe e meu pai não tem tempo, ou minha mãe disse que agora não pode que é hora da sua novela. Para terem uma idéia do que falo nem os bilhetes que a escola manda eles não são capazes de ler.
Depois temos outro contexto que acaba desestimulando as crianças a lerem na escola, o tal de faça a leitura e depois desenho, pinte e responda tais perguntas, quer atividade mais chata do que essa. Segundo o curso que fiz com ANNA MARIA RANGEL, as crianças devem ler pelo simples prazer da leitura de um texto, de uma poesia de uma notícia e as interpretações cada um fará aquela que mais se adequar naquele momento, só assim conseguiremos formar leitores, sem cobranças e sem tornar a leitura algo chato e cansativo.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Seu nome é Jonas.

O primeiro choque que recebemos ao iniciar o filme é detectar que Jonas ficou 3 anos e 4 meses internado com o diagnóstico de “retardado”. A inexperiência dos médicos e enfermeiros ao cuidarem tanto tempo de uma criança e não terem a sensibilidade, percepção de que o menino não escutava.
Ao retornar à casa já houve um certo preconceito quando a mãe relata aos tios que ele não consegue ouvir, a fisionomia de espanto, incredulidade é algo gritante. A ignorância do pai ao se dirigir ao menino sempre gritando, dando a impressão que ele dessa forma iria conseguir ouvi-lo ou até mesmo entendê-lo. O pai não demonstrava o mínimo de carinho, compreensão e atenção com o filho, chegando mesmo ao absurdo de dizer a sua esposa que preferiria que o menino ficasse internado a ter que vê-lo sendo apontado na rua e recebendo o apelido de “retardado”.
A primeira escola foi o retrato do horror, aquela série de repetições sem objetivo, o castigo que o menino levou por ter perdido a paciência com a professora que parecia um robô, somente repetindo frases. A intolerância da diretora ao referir-se sobre o uso dos sinais de linguagem chegando ao absurdo de proferir que as crianças ficam preguiçosas ao usá-las. Referindo-se também que se elas aprendem a se comunicar dessa forma quando adultos só irão se comunicar com os surdos.
A mãe mostrou-se uma guerreira durante todo o tempo, lutando contra tudo e todos, mostrando ao mundo que seu filho era uma criança normal e que poderia sim estar inserido nessa sociedade chamada “normal”, ele era apenas surdo! Acreditamos que sua ansiedade, sua angúsita em ver o sofrimento silencioso do seu filho foi a mola propulsora para sua busca incessante num modo de comunicação para seu filho, mas não uma comunicação automática, uma simples repetição de palavras sem significado, mas uma forma de comunicação onde ele conseguisse se comunicar com o mundo vivo que estava a sua volta.
A alegria de Jonas em conseguir identificar o significado das primeiras palavras em Libras foi lindo, o mais emocionante foi quando ele pediu para dizer mãe, como se aquele gesto fosse “muito obrigado mamãe por não desistir de mim”.
Acreditamos que atualmente ainda encontramos famílias semelhantes a de Jonas, temos uma sociedade muito preconceituosa e muito para ser desmistificado com relação a pessoa surda, para começar o título de “surdo-mudo” ainda é muito comum, e a perplexidade quando as pessoas descobrem que o surdo não é mudo, os próprios familiares encontram dificuldade em colocarem as crianças surdas nas escolas para os surdos, dificultando assim o aprendizado cada vez mais precoce dos mesmos.
**** Tenho uma colega que tem um filho surdo e é totalmente contra a inclusão das pessoas surdas nas escolas regulares, segundo ela a escola de surdos é maravilhosa, comentei sobre a sociedade de surdos se ela participa com ele, sua resposta foi de que acha muito cedo para levá-lo até lá, que quando for adulto poderá optar por ir conhecer, participar ou não, acha que no momento seu filho não precisa participar dessa sociedade. Pretende fazer um curso de intérpretes de sinais, pois acha que somente a língua de sinais familiar, se posso assim chamar, que usa com seu filho é pouca.

Comentando sobre os PA

Gostaria de deixar comentar sobre as apresentações dos colegas e a nossa própria. Chegamos nervosas no pólo, com a expectativa de novamente termos que falar ao grande grupo, falo mais por mim que não gosto de falar para muitas pessoas. Mas não tínhamos o que fazer somente esperar a hora de nossa apresentação. No início de nosso PA acreditava que não iríamos conseguir alcançar um bom trabalho, pela dificuldade em estarmos nos reunindo presencialmente, mas a necessidade de fazermos o projeto e a falta de tempo de todos ,acabou fazendo cair a minha dúvida provisória.
O trabalho transcorreu com muita animação de todos os componentes, talvez pela motivação em saber cada vez mais sobre um assunto que anda tão em evidência no nosso cotidiano. A cada descoberta sobre o assunto lá estava uma colega recheando nosso projeto. Acredito que o trabalho foi muito significativo para todas nós, pois partiu de uma angústia de todos, um desejo de saber mais e mais sobre algo tão novo no nosso meio docente a Inclusão e além de tudo isso, a nossa interação com o nosso objeto de aprendizagem.O que posso concluir com esse projeto de Aprendizagem sobre a Inclusão é que hoje já não tenho tantas angústias, tantas dúvidas sobre as pessoas com necessidades educacionais especiais, mas mesmo com toda a pesquisa, todo o trabalho, todas as conversas do grupo, ainda sou resistente em acreditar que a inclusão possa acontecer dentro de uma sala de aula super-lotada, com outros tantos problemas e tendo somente o professor titular para dar conta de tudo. Isso ao meu ver é um desrespeito ao ser humano e ao profissional da educação.
Observando a apresentação dos colegas ficou também evidente a participação e envolvimento de todos os componentes, pois ao contrário do que pensamos num PA, ninguém consegue ficar esperando pelos outros, pois é um compromisso que todos assumem visto que é o centro de interesse do grupo.